quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Violência contra povos indigenas em Humaitá - AM, revela o etnocentrismo exacerbado no pensamento e na ação dos "invasores" que se acham donos!

Caros amigos, amigas. 
Venho por meio deste texto oferecer uma leitura do conflito em Humaitá - AM, intensificado no dia de ontem seguindo até hoje.
No dia 03 de dezembro o cacique Ivan Tenharim foi encontrado desacordado na beira da Rodovia Transamazônica perto de sua aldeia ao lado de sua moto, com sinal de espancamento. Foi socorrido e conduzido pro Hospital Joao Paulo II em Porto Velho onde veio a falecer no dia 6.
Embora a Policia Federal tenha registrado ou divulgado que a morte foi por acidente de transito, nãos convenceu os parentes. O clima de desconfiança aumentou quando no blog da Funai foi registrado que poderia ter sido provocado por não indigenas moradores numa localidade Matupi perto da aldeia do Ivan, deixando parentes do mesmo consternados e revoltados.
Já no dia 16 ocorreu o desaparecimento de três pessoas que se tem o nome, que seguiam viagem com mais 2 desconhecidos, e que estes não chegaram no destino, ou seja, desapareceram no meio da viagem o que significa dizer que seria dentro dos limites da terra indigena dos Tenharim.
Segundo delegado da Policia Federal de Porto Velho, tem registro de depoimento de testemunhas de que viram indigenas empurrando um veiculo, mas não falam a marca e modelo do veículo, nem mesmo se explica como estes viajavam com outros dois desconhecidos. Como sumiriam com um veículo sem deixar rastro, ou com pessoas... Já faz muito tempo que não se registrava conflito algum envolvendo indigenas e não indigenas mesmo com a aplicação do pedágio na rodovia na parte interna da aldeia.
Em conversa por telefone hoje (26) pela manhã, com Ivanildo Tenharim, secretário municipal de assuntos indígenas de Humaitá, uma das lideranças que juntamente com doentes e acompanhantes, estão exilados no Sexto Batalhão de Infantaria de Selva de Humaitá, para evitar represálias, o qual me narrou a seguinte situação.
"Desde que recebemos notícia do desaparecimento destas pessoas, preocupados com o que iria sobrar para nosso Povo Tenharim, devido a situação da morte do cacique Ivan, procuramos a Polícia Federal para ir investigar, os quais foram até o quilômetro 85 e não identificaram nada dos desaparecidos. Como no dia 24 a balsa foi bloqueada, impedindo nosso deslocamento e com acusações de que nós estávamos de posse dos desaparecidos, impedindo a passagem de carros e pessoas ligadas aos indígenas, nos reunimos com o comando do Exercito, da Polícia Federal, representantes das famílias dos desaparecidos e com alguns caciques Tenharim e decidimos que no dia 25 iria um destacamento com estes representantes, fazer uma varredura dentro dos limites da terra indígena Tenharim para tirar esta confusão. Como o combinado na manhã do dia 25 nos dirigimos para a balsa onde tinha muita gente mobilizada, onde iriamos atravessar para seguir rumo a nossa terra, mas um grupo começou a hostilizar nossos caciques ameaçando-os de que iriam mas não voltariam, inclusive quebra do acordo por familiares, o que gerou preocupação no comandante do Exército, levando o mesmo a suspender a operação e conduzindo os indigenas para o quartel para lhes oferecer segurança. Como houve quebra do combinado a PF comunicou que só retornaria pra fazer busca depois do dia 2 de janeiro, informação esta que gerou insatisfação e desencadeou os atos de vandalismo. Destaco que de nossa parte e dos outros órgãos mantivemos nossa palavra, mas as famílias quebraram o acordo que iria fazer a varredura e tirar dúvidas. Em nenhum momento nossos caciques se opuseram em investigar. Não temos nada a esconder. Já são muitos anos de convivência com os brancos que não nos interessa criar inimigos... Agora depois destes incidentes todos, nós indígenas estamos preocupados com nosso futuro, porque pela dificuldade de operação dos órgãos de investigação gerou esta revolta contra nossos povos indígenas, o que nos colocou numa situação de culpados por algo que ninguém sabe o que de fato aconteceu! Por isso pedimos que seja apurado com urgência esta situação para que possamos voltar a ter Paz em Humaitá e nas nossas aldeias, porque o clima é tenso, e estamos exilados aqui no quartel e nossos parentes nas aldeias sem condições de ir e vir, porque correm sérios riscos".
Diante do exposto, urge tomada de posição das autoridades competentes para que cessem as violências materiais, físicas e psicológicas. Não podemos esquecer que pelo fato dos indígenas terem conquistados direitos principalmente na saúde, acaba despertando descontentamento em camadas desfavorecidas de nossa sociedade, facilmente manipuladas para atender interesses estranhos.
Não podemos nos calar diante de tamanha violência.
O grito está dado, grito de socorro no ano novo que breve se inicia.
Antes de fechar este texto tentei novo contato com o Ivanildo Tenharim para atualizar, mas não foi possível já que no quartel não funciona celular em todas as dependências do quartelamento, esperamos trazer noticias melhores amanhã.
Para outras leituras acessem:
http://www.bloggdoleao.com/2013/12/atos-de-vandalismo-e-violencia-em.html

http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2013/12/grupo-ateia-fogo-em-carros-da-funai-e-acusa-indios-de-fazer-refens-no-am.html

http://racismoambiental.net.br/2013/12/am-violencia-anti-indigena-em-humaita-multidao-incendeia-funai-barcos-e-carros-e-indigenas-estao-abrigados-no-batalhao-do-exercito/
Iremar Ferreira

Um comentário:

Ana Gabriela disse...

achei que voce falaria sobre o que isso tem haver com o etnocentrismo
li essa materia justamente por isso queria uma situaçao que relatasse o etnocentrismo como motivo para o acontecido
mais ok