USINAS - Elevação da cota do reservatório de Santo Antônio pode trazer impactos ambientais e sociais não previstos
O governo assiste à briga entre as gigantes do Rio Madeira na torcida por um acordo entre elas que resulte no aproveitamento máximo da calha do rio, tendo em vista que essa solução apresentaria o melhor resultado para o Sistema Interligado Nacional (SIN), por meio do qual a energia é distribuída para todo o país.
O consórcio Energia
Sustentável do Brasil (ESBR) — que opera Jirau e cujo controlador é a
multinacional GDF Suez — sustenta que, sem alterar nenhum centímetro de
ambos os reservatórios, seria possível obter ganho de 80 megawatts (MW)
médios em sua usina com quatro novas turbinas. Isso evitaria a
necessidade de debater novas licenças ambientais, com audiências
públicas ou riscos imprevistos. Jirau, no entanto, teve esse pedido
negado pelo governo.
Já o consórcio Santo
Antônio Energia (SAE), que tem entre seus sócios Furnas, Cemig,
Odebrecht e Andrade Gutierrez, fez um pedido de avaliação ao governo
para instalação de seis turbinas adicionais, o que exige elevação da
cota do seu reservatório de 70,5 metros para 71,3 m. Segundo o grupo,
seu projeto foi apontado pelo governo como aquele que propicia o maior
ganho energético para o complexo do Rio Madeira, considerado, assim, com
“aproveitamento ótimo” para o SIN.
“Essa energia
firme adicional equivale a uma nova usina com potência instalada de 800
MW, sem os impactos socioambientais que uma nova usina deste porte
acarretaria”, argumentou, em nota, o consórcio responsável por Santo Antônio.
Jirau alerta para risco ambiental
A elevação da cota
(profundidade do reservatório) de Santo Antônio reduziria a queda d’água
em Jirau, que fica antes (de Santo Antônio) no curso do Rio Madeira.
Essa elevação de cota pretendida implicaria, segundo os argumentos de
Jirau, queda na sua geração de energia e um impacto socioambiental
bastante significativo, com riscos de alagar, no período de chuvas,
parte da cidade de Jaci-Paraná (RO), além da rodovia BR-364 e da
Ferrovia Madeira-Mamoré, que têm pontes atravessando o rio.
— A proposta de
esvaziamento rápido do reservatório na época de cheia, previsto no
pedido, criaria um tsunami na região. É um crime ambiental e social,
podendo afundar balsas e atingir ribeirinhos e pescadores — afirmou Victor Paranhos, diretor-presidente do consórcio responsável por Jirau. (CONTINUA)
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