segunda-feira, 26 de outubro de 2009

QUANTO VALE A VIDA DE UM TRABALHADOR PARA OS BARRAGEIROS!?


Trabalhador da Odebrecht morre contaminado por bactéria misteriosa; família alega omissão e negligência no canteiro de obras


Sexta-Feira , 23 de Outubro de 2009 - 13:32 (site Rondoniavivo.com)

Dessa vez a multinacional Norberto Odebrecht foi além da conta no grau de descaso e indiferença para com a vida de um de seus trabalhadores, que em alguns casos são trazidos de fora do Estado, pois, desde os primeiros preparativos para a construção das usinas hidrelétricas, empenha-se em dar ampla publicidade nacionalmente, para ofertas de empregos na área da construção civil, tendo em vista, segundo o Consórcio, a quantidade escassa para atender a demanda que a obra exigiria.

Márcio dos Santos Seabra, 25 anos, casado, pai de um casal de crianças, com 2 e 3 anos de idades, natural do Estado do Pará, que há 5 meses foi trazido para a trabalhar na função de Mecânico Montador, pelo fato de trabalhar na suntuosa empreiteira, que não poupa recursos para divulgar o alto nível de qualidade de suas obras para a sociedade, porém, trata com indiferença e desprezo as vidas humanas que são o esteio de seu sucesso no Brasil e no exterior.

Na tarde do dia 21/10 (quarta-feira), às 17h45, Márcio veio a falecer por falência de dois órgãos vitais, pulmão e coração, após lutar por mais de quatorze dias por seus direitos e resistindo horas a fio com todas as suas forças contra o agravamento de seu quadro clínico, restou-lhe apenas confiar a Deus a sua vida, em uma última tentativa da equipe médica do Hospital João Paulo II, que submeteu o trabalhador a uma intervenção cirúrgica que não obteve êxito pelo estado debilitado em que se encontrava o organismo de Márcio.

CRONOLOGIA DOS FATOS

Segundo os familiares, Márcio dos Santos Seabra, começou a queixar de dores de dente, garganta e cabeça desde o último dia 06 de outubro, apresentando-se ao seu encarregado e ao ambulatório da empresa para receber um parecer do corpo clínico que por lá se encontra para atender as queixas de saúde, não tendo sido examinado e atendido as pressas recebeu apenas um analgésico para retornar ao trabalho, ou se preferisse retornasse para casa, o que o fez.

Já no dia 07/10, mesmo sentindo-se mal retornou ao trabalho e não quis mais recorrer aos médicos da empresas, pois percebeu que o tal parecer não havia proporcionado nenhum alívio as suas dores e após mais um dia intenso de trabalho retornou para sua casa e começou a passar mal na presença de seu pai, sendo conduzido as 21h00, por uma ambulância do SAMU, para fazer exames no Hospital de Base da capital onde foi imediatamente internado pelas características graves de seu mal estar, tendo ficado por três dias e transferido para o Hospital João Paulo II no último dia 10/10.

Vale lembrar que já nos últimos meses a função para o qual havia sido contratado tinha mudado para de Mecânico Montador para Britador, uma categoria que fica extremamente exposta às poeiras tóxicas produzidas pelas explosões constantes.

Prova disto são as inúmeras reclamações de mal estar que o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do Estado de Rondônia – STICCERO recebe diariamente por parte dos operários que atuam nas usinas.

É muito importante dizer que desde o primeiro momento, os médicos do Hospital de Base detectaram a presença de uma bactéria desconhecida que havia se instalado nos pulmões de Márcio e que a mesma não apresentava qualquer sinal de retrocesso com os tratamentos convencionais administrados ao paciente.

Ao ser relatado à Odebrecht que o funcionário estava internado por contaminação de uma bactéria a empresa eximiu-se de qualquer vinculo com a doença alegando que a tal bactéria não poderia ter sido adquirida nas dependências da usinas, simplesmente por que o mesmo não habitava mais nos alojamentos há alguns meses e por tanto não se achava no dever de ajudá-lo.

Tendo tomado conhecimento do caso, a administração do Sindicato fez questão de entrar em contato com a direção do Consórcio que se comprometeu a enviar uma assistente social para acompanhar de perto a situação de seu empregado, coisa que não foi cumprida até a data de 21/10 (quarta-feira), dia da morte, ou seja, treze dias após a primeira internação, quando uma funcionária da empresa chamada Eliana, compareceu horas antes da cirurgia que culminou na morte de Márcio para saber sobre seu estado.

Tendo sidos avisados do falecimento de seu filho, o pai de Márcio, senhor Francisco da Silva Soares, descarregou toda a sua indignação naquele momento sobre a funcionária da Odebrecht, que na presença de várias testemunhas e ao sindicato garantiu a família que a empresa arcaria com todas as responsabilidades, pois era o mínimo que eles poderiam fazer.
Mas aqui entra uma incógnita sem precedentes, já que a empresa se dizia sem participação na causa da doença por que é que ao tomar conhecimento do agravamento de seu quadro procurou a família para oferecer a assistência, mesmo que de forma tardia?

E pior, comprometeu-se perante o hospital, o sindicato e os familiares que estaria assumindo todas as despesas provenientes do trágico desfecho que poderia ter sido evitado se caso houvesse dado procedido com o mínimo de humanidade com o trabalhador que nem sequer foi devidamente examinado, o que não foi feito segundo testemunhas.

Na manhã de quinta (22/10), qual não foi à surpresa dos familiares e do sindicato ao procurar pela assistente social da construtora e ser recebido por outros funcionários que informaram que a empresa não iria assumir qualquer despesa e muito menos se sentia na condição de responsável por quaisquer eventuais perdas originadas com o caso da internação do trabalhador.

Revoltados, os parentes de Márcio dos Santos Seabra contam que foram constrangidos e humilhados por mais este ato de omissão e desinteresse por parte da empresa que a menos de 24 horas antes parecia até que tinha se revestido de alguma consciência social, mas a máscara caiu justamente quando perceberam o tamanho do erro que teriam que reparar.

Resultado, a família embarcou, sozinha, assim como chegaram no Estado, em um avião para o Estado do Pará na noite de ontem, com passagens compradas pelo sindicato que tenta se comunicar com a administração da Odebrecht para exigir o cumprimento dos direitos trabalhistas de Márcio dos Santos Seabra, volta sem vida ao seio de sua família, que viu seu filho entrar vivo dentro de um ônibus e agora retorna para ser enterrado sem ver concretizado os suas esperanças depositadas na construtora Norberto Odebrecht que sempre procura dourar a pílula na hora de contratar mas nunca assume seus demônios diante da verdade.

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